Mulher perde filho e enfrenta os militantes do Boko Haram na Nigéria
O filho de Rebecca Dali, Timothy, de 18
anos, deixou a casa uma noite, dizendo à mãe que iria visitar um amigo.
"Você tem certeza?", ela perguntou. Isso aconteceu após as eleições da
Nigéria em 2011, quando as tensões inter-religiosas estavam em alta. Seu
amigo morava do outro lado da cidade. Timothy nunca mais foi visto e
seu corpo nunca foi encontrado.
Rebecca é esposa do antigo presidente da
igreja onde grande parte das meninas do Chibok congregavam. Por isso,
quando elas foram sequestradas, em abril de 2014, ela foi uma das
primeiras a visitar os pais, pois compartilhava a dor de perder um
filho. Mas foi retornando da segunda visita, em agosto do mesmo ano, que
ela enfrentou outra situação difícil.
Enfrentando o perigo de frente
Enquanto retornava, um grupo armado do
Boko Haram a parou e a obrigou a entrar em um carro. A 300 metros dali,
estava um grupo de 21 militantes. Eles questionaram a presença de
Rebecca na região e perguntaram a opinião dela sobre o grupo extremista.
“Vocês fazem muita gente sofrer, e deveriam se arrepender”, disse ela.
Muitos do grupo ficaram zangados, mas um
deles reconheceu o trabalho dela: “Sabemos quem você é e as obras que
você faz. Você ajuda a todos, sejam cristãos, muçulmanos ou pagãos. Por
isso, não vamos te matar. Continue fazendo isso”. Ele se referia à
organização criada por ela em 1989, que ajuda nigerianos em necessidade,
como viúvas e órfãos. O mesmo trabalho que lhe rendeu o prêmio Sérgio
Vieira de Mello, oferecido pelas Nações Unidas.
Uma semana após o incidente, o Boko Haram
invadiu a cidade e ela e o marido precisaram fugir. Porém, ela soube que
os militantes não tocaram nas doações que encontraram na casa dela,
como sabonetes, alimentos e roupas. Esse ato dá esperança à Rebecca: “No
meio das trevas, às vezes vemos raios de luz. Mas eles são raros”.
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