Arqueólogos acreditam ter encontrado `selo´ do profeta Isaías em Jerusalém
Uma impressão do selo pessoal do profeta
Isaías pode ter sido encontrada em Jerusalém. As escavações na região do
Ophel - uma área logo abaixo do Monte do Templo levaram arqueólogos a
encontrarem a marca do selo, chamada bulla, em restos da Idade do Ferro
ainda conservados, apenas a 3 metros de onde a bulla do rei Ezequias de
Judá foi encontrada em 2015.
O objeto extraordinário, estimado em cerca
de 2.700 anos, foi encontrado pela Dra. Eilat Mazar, da Universidade
Hebraica. Ela relatou sua descoberta na última quinta-feira, na revista
'Biblical Archeology Review'.
"Parece que descobrimos a impressão do
selo, que pode ter pertencido ao profeta Isaías, em uma escavação
científica e arqueológica", escreveu Mazar.
Os descobridores acreditam que a bulla foi
descoberta intacta no local, próximo a o que tinha sido a padaria real
do reino antigo.
Inscrições em hebraico, seguidas das
letras NVY - que são as três primeiras letras da palavra para o profeta
(Navi, soletrada em nun-beit-yod-aleph).
Se a palavra terminava com aleph, talvez
isso nunca nunca será comprovado, já que o selo foi danificado após as
três primeiras letras, explica Mazar. Então, teoricamente, poderia ter
sido o selo de algum outro Isaías.
O período de Isaías foi também o do rei
Ezequias, o 12º rei do Reino de Judá, que governou em torno de 727 aC.
para cerca de 698 B.C.E. Mazar aponta que encontrar a bulla do profeta
próximo ao local onde se encontravam coisas do rei "não deve ser uma
surpresa", dada a relação simbiótica conforme descrito na Bíblia.
Ezequias tinha sido essencialmente um rei
vassalo do governante assírio Senaquerib. Os judeus, no entanto, se
rebelaram: o rei Ezequias aparentemente também fez com que o famoso
túnel de Jerusalém fosse construído para Gihon, assegurando que os
moradores da cidade teriam acesso à água, mesmo sob cerco.
A rebelião não foi bem sucedida
inicialmente, e os assírios contra-atacaram, sitiando Jerusalém em 701,
a.C. Atormentado, o rei recebeu um alerta do profeta Isaías, conforme
relata o Antigo Testamento.
O rei se arrependeu de seus maus caminhos e orou, clamando por socorro de Deus.
"Então veio a palavra do Senhor a Isaías,
dizendo: 'Ide, e dize a Ezequias: assim diz o Senhor Deus de Davi, teu
pai: ouvi a tua oração, tenho visto as tuas lágrimas; acrescentarei à
tua dias 15 anos. E eu livrar-te-ei, e esta cidade da mão do rei da
Assíria, e defenderei esta cidade", completa a passagem de Isaías
38:4-6.
As assírios não conquistaram Jerusalém. De
acordo com a narrativa bíblica, eles pouparam a cidade, não por falta
de admiração, mas porque Ezequias os convenceu.
A descoberta do selo de Ezequias em 2015
ajudou a influenciar um antigo argumento sobre a história de Jerusalém:
era uma cidade importante e a capital de um reino poderoso ou
simplesmente uma vila em uma colina com excelentes relações públicas?
A descoberta do selo deu credibilidade à
narrativa que, afinal, Jerusalém era uma grande cidade durante a Idade
do Ferro. Como Julia Fridman observou em depoimento ao jornal israelense
Haaretz na época, o selo de Ezequias realmente foi encontrado dentro do
prédio real em Jerusalém, onde havia sido usado há 2.700 anos, provando
sua autenticidade.
Encontrar o selo do profeta Isaías (se foi
o que foi encontrado) mais ou menos onde ele fora usado também dá
credibilidade à narrativa da antiga Jerusalém como a capital indivisível
de Israel. Ainda assim, enfatizamos que poderia ter sido o selo de
Isaías, o escriba ou o fabricante de sandálias - depois de 2.700 anos, a
prova categórica é desafiadora.
Acrescenta-se que a arqueologia tardou em
adotar a transmissão de radiofrequências por outras partes de Jerusalém,
mas agora está começando um enorme esforço.
Em qualquer caso, pode-se dizer que os
selos, primeiro de Ezequias e agora possivelmente do próprio profeta
Isaías, comprovam o relato bíblico que cita a existência deles. Talvez
mais evidências revelem outros detalhes sobre estes relatos.
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